Evolução do Jogo do Pau em Portugal

    Arte de combate tradicionalmente portuguesa, de características inéditas a nível mundial, o jogo do pau, teve a sua origem nas regiões nortenhas como terras de basto, Fafe e Guimarães, daí partindo para as zonas de Trás-os-Montes. Fruto de necessidade de defesa, o pau tornou-se companheiro indispensável de pastores, que viam nele uma arma fácil de arranjar, e o seu uso generalizou-se, sendo o seu manuseamento ensinado de geração em geração. São frequentes os relatos de varredelas nas feiras (combate de um ou dois jogadores contra um número superior), ou de feitos de grupos de jogadores contra as tropas napoleónicas, em livros de Camilo, Aquilino e Eduardo Noronha. Devido a migrações internas, o jogo do pau expandiu-se para sul, sobretudo para as zonas de Lisboa e Ribatejo. A vinda de mestres do Norte com o exclusivo de ensino, deu origem à abertura de escolas, uma delas, a do Ateneu Comercial de Lisboa. 

    À mercê das condições socio-políticas da época, o jogo do pau entrou em decadência acentuada em meados do séc. XX, embora gozasse de uma enorme popularidade e fosse considerado uma verdadeira esgrima nacional. É neste contexto que o mestre Manuel Monteiro e praticantes da ADCJPauP, apostam na recuperação da arte e traçam uma linha e evolução desportiva, menos belicista e aliando os ensinamentos das escolas do norte e de Lisboa a moderados processos pedagógicos de ensino. Nunca esquecendo a herança cultural, recuperou-se o uso de fatos e faixas tradicionais da aldeia. Actualmente só as escolas de Lisboa e esta associação é que usam faixas.


    Jogo do Pau

    Definição de jogo do pau: arte marcial portuguesa de origem popular tradicional, o jogo do pau consiste numa forma de esgrima de características específicas, utilizando uma vara de preferência de madeira.

    Definição de jogos tradicionais: pertencem tanto à história das ideias e das mentalidades como à das práticas sociais. São como que um espelho que reflecte uma civilização. Os nomes dos jogos evocam, por si mesmos, as suas características e regras principais. Respeitam a tradição, procurando ser fiéis à sua autenticidade e à forma ritual.

    Faixas: temos como distinção no jogo do pau as faixas, sendo elas: 1ª faixa amarela (ao começar), 2ª faixa verde, 3º faixa vermelha, 4ª faixa preta (de 1 a 5 estrelas) e por fim a faixa roxa.

    Faixas de Jogo do Pau

    Básico do Jogo

    A Vara ou Pau

    Vara usada no jogo do pau

    A vara ou pau constitui o instrumento de prática do jogo do pau.

    O seu comprimento varia em relação à altura do jogador, sendo considerado normal que a vara tenha no mínimo a medida que vai do solo ao nível do nariz.
    Sobre o tipo de madeira com que são fabricadas e, ainda que muitos outros materiais possam ser utilizados, como é o caso da madeira de freixo, bambu, marmeleiro, actualmente são as varas de madeira de castanho, Iodo ou lódão as mais utilizadas.

    Regra de Segurança e Funcionamento da Actividade

    Estas regras de segurança são discriminadas a partir do pressuposto de base que os jogadores desejam respeitar sempre a integridade física dos colegas, mesmo em prejuízo de eventuais vantagens em jogo.
    Estas normas têm como objectivos prevenir acidentes, tanto pela diminuição dos riscos inerentes a situações de jogo, como pela consciencialização dos praticantes no que respeita ao grau de risco das suas acções em situação de manejo individual de vara ou ainda em situações de actividades onde entram mais que dois jogadores.

    Regras

    Que em redor do jogador ou jogadores em actividade exista uma área circular desocupada, de raio maior ou igual ao comprimento do pau seguro na extremidade com o membro superior em extensão.
    Que seja proibida a aproximação de terceiros fora do campo visual dos jogadores em actividade, sendo de realçar, como especialmente perigosa, a aproximação pela retaguarda.
    Durante a iniciação ou na adaptação ao jogo, a zona de embate do pau deverá estar o mais longe possível do corpo dos jogadores. Assim, devem ser respeitadas as seguintes normas de segurança:

    • O jogador atacante deve realizar o ataque (pancadas) com direcção ao terço superior do pau do colega defensor.
    • O jogador defensor deve deslocar-se à retaguarda, mantendo a distância do atacante, e realiza a técnica de defesa com a utilização da pega clássica.


    Atitudes de Base do Jogo do Pau

    Postura vertical

    Posição vertical com a vara colocada na mão passiva, junto ao corpo.

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    Postura base do jogo do pau

    Com o tronco vertical, colocando 70% do peso no membro inferior posicionando à frente, em flexão, de forma a que o joelho fique alinhado sobre o pé do mesmo lado, e 30% do peso apoiado no outro membro inferior, colocando em extensão ou com ligeira flexão. Esta posição tem como objectivo conseguir uma maior estabilidade e equilíbrio pelo abaixamento do centro de gravidade, no sentido de ser optimizada a capacidade de deslocamento.

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    Pega da vara

    A pega da vara é realizada pelas duas mãos e estas ficam separadas por uma distância igual ao comprimento do antebraço, com a mão activa a segurar na extremidade mais fina.


    Deslocamentos

    Crescer e recuar

    O movimento "crescer" é realizado para o jogador avançar um andamento com a manutenção do mesmo apoio à frente.
    Numa primeira fase o apoio posterior avança até ao anterior e fixa-se, numa segunda fase, o apoio anterior termina o movimento de avanço de forma a recuperar a atitude inicial com o novo posicionamento.
    O movimento "recuar" é realizado no sentido de o jogador regredir no terreno e é realizado da forma oposta ao "crescer", ou seja, o apoio anterior recua.

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    Entrar e sair

    Para entrar, o apoio posterior dá uma andamento em frente, assim a atitude inicial vai evoluir para a outra atitude do lado contrário (por exemplo, o jogador ao entrar passa da posição esquerda para a posição direita e vice-versa). O movimento sair consta da realização à retaguarda de um andamento e características semelhantes, embora em sentido oposto, ao que descreve-mos ao "entrar" - o apoio anterior desloca-se para a retaguarda e a posição inverte-se.

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    Lateral direita e lateral esquerda

    As laterais caracterizam-se pelo deslocamento de meio andamento à retaguarda, através da modificação do posicionamento do apoio anterior para um dos lados num ângulo de 90 °. Considerando que partimos da posição esquerda, quando o apoio anterior se desloca para a direita, mantendo a posição esquerda num plano perpendicular ao inicial, realizamos a lateral direita. No caso da lateral esquerda, a partir da mesma posição, o apoio anterior desloca-se para o lado esquerdo, fixando-se no final com a posição direita, também num plano perpendicular ao inicial.

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    Sarilhos

    Formas clássicas e convencionais especificas para a melhoria do controlo da vara, cuja interpretação representa uma situação de combate de ataque e defesa, executadas a partir da guarda alta com o deslocamento de entrar e sair, podendo ser realizadas individualmente ou a dois.

    Sarilho de baixo

    A mão activa solta a vara, e vai recebê-la atrás, colocada pela outra mão que dirige a vara numa trajectória circular ântero-posterior de sentido directo, para depois elevar a mão passiva até acima da cabeça. Depois, em simultâneo com o deslocamento de entrar ou sair, ambas as mãos continuam a trajectória circular iniciada pela vara numa parada executada de baixo para cima num plano oblíquo.

    Sarilho de cima

    A mão passiva desliza na vara até realizar a preensão na extremidade superior, depois inverte-se a inclinação da vara pela elevação da extremidade posterior e a descida da anterior, de seguida realiza-se o deslocamento de entrar ou sair, com a mão passiva a deslizar pela vara numa trajectória circular inerente a um plano oblíquo, de forma a realizar uma pancada ou uma parada de cima para baixo.

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    Sarilho de borda d'água cima / baixo

    Iniciam-se da mesma forma que o sarilho de cima, no entanto após o deslizar da mão passiva sobre a vara, ela sobe até à extremidade e dá a volta à ponta da vara, ficando com a mão a um nível superior da linha de visão. Depois, na fase activa do sarilho o jogador entra ou sai em simultâneo com a realização de uma trajectória oblíqua da vara para guarda alta ou baixa consoante o sarilho a realizar.

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    Guarda / defesa: a guarda realiza-se com o objectivo de defesa e as defesas serão executadas de acordo com as pancadas dirigidas. Pontoada tipo esgrima: a pontoada ocorre sempre que a pancada é realizada de forma frontal.

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    Enviesada / pancada de alto a baixo: a enviesada ocorre sempre que a pancada é realizada de forma oblíqua e a pancada de alto a baixo ocorre sempre que a mesma é realizada de cima para baixo.

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